Preço alto

Feiras livres já sentem os efeitos da estiagem

Folhosas e o milho são os vilões para o bolso dos consumidores

Jô Folha - DP - Estiagem impacta na comercialização dos produtos

Por Cíntia Piegas
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"Eu hoje não vou levar espinafre", disse a aposentada Celma Maria, 74. Costumeiramente ela vai à feira livre da avenida da Paz, no bairro Areal, e tem notado a diferença, para mais, nos preços das frutas, legumes e verduras. Com o vegetal, rico em vitamina A, C e E, a R$ 3,50, a alternativa da aposentada é levar verdes uma semana sim, outra não. Para quem gosta de milho, também vai ter que desembolsar um pouco mais, pois os dois estão sofrendo com os efeitos da estiagem. A chuva do final de semana foi de 31 milímetros na barragem Santa Bárbara e chegou a representar um alento. Mesmo assim, ontem o nível estava 2,04 metros abaixo do vertedouro, de acordo com o Sanep.

A esperança de chuva mais regular vem do feirante Clóvis Helwig, 34. Ele produz parte das verduras que vende na banca e diz que está muito difícil, pois a estiagem inviabiliza o replantio. Para não ter prejuízos, colocou a couve a R$ 2,50, o alface a R$ 3,00 e o espinafre, que a dona Celma já falou, a R$ 3,50. A preocupação do feirante vai além. "O milho, por exemplo, se não chover, além do prejuízo atual, tem toda a cadeia alimentar e vai chegar até o gado e assim por diante", observou. O grão foi o mais atingido pela seca em Pelotas, representando 60%, segundo dados da Emater. O resultado reflete diretamente no bolso do consumidor. Na Central Estadual de Abastecimento de Pelotas (Ceasa), por exemplo, a bandeja de milho comum custa R$ em média 3,25. Já o doce sai por R$ 5,00 na central. Já na feira é comercializada a quase R$ 7,90.

Para o presidente da Ceasa, José Paulo Benemann, as folhosas vão começar a reduzir no comércio e, claro, menor a oferta, maior o custo. Como a política econômica do Brasil não costuma a retirar da análise que mede o índice da inflação os produtos que aumentam por fatores climáticos, claro que terá impacto, principalmente na inflação do RS. A análise é do professor de Economia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Marcelo Passos. "Como são aumentos de preços sazonais, a tendência é que, depois que passe a estiagem, a inflação volte ao normal".

Oportunidade

Se por um lado tem prejuízo, por outro o consumidor chega a ganhar com o drama dos agricultores. Benemann explica que a melancia está sendo tirada da lavoura antes de atingir o tamanho ideal, pois é um fruto que depende muito da água para crescer. "Com um tamanho menor, o custo chega mais em conta ao consumidor." O tomate é outro fruto que amadureceu mais rápido por causa do calor e está sendo vendido a R$ 4,50, na banca de Helwig.

Para os consumidores que preferem substituir os produtos mais caros por outros mais acessíveis, Benemann indica o mamão, que está em alta na safra; a uva, que está com bom preço na Central de Abastecimento, além da pitaya, fruto que começa a ser produzido em Arroio do Padre. O bom mesmo, para quem tem tempo, é pesquisar os locais e o que está em alta e em baixa, garantindo assim uma feira mais em conta.

O Procon de Pelotas fez um levantamento para a reportagem sobre os preços de alguns produtos durante o período de setembro a dezembro, quando o déficit de chuva chegou a 200 milímetros. Embora alguns deles já tivessem com a colheita concluída ou são plantações irrigadas, o repolho oscilou entre R$ 3,53, baixando para R$ 2,83, voltando a subir e ganhando um preço melhor em dezembro, com R$ 2,26. Já o alface teve uma variação para mais de 25, 17% em quatro meses. 

Boa notícia
A chuva do final de semana foi um alento para a equipe do Sanep. Com exceção da barragem Santa Bárbara, todas as demais represas: Arroios Moreira e Pelotas e a represa Quilombo, recuperaram o nível. A notícia anima, pois considerando que há o investimento de R$ 500 mil da autarquia para transposição das águas do arroio Pelotas para a Santa Bárbara, pode melhorar o nível.

Outra boa notícia é que o governo federal reconheceu a situação de emergência de mais 17 cidades do Rio Grande do Sul que enfrentam prejuízos com a estiagem. Entre elas, duas estão nas regiões da Campanha e da Zona Sul que são Candiota e Canguçu. Com a homologação, elas estão aptas a solicitar recursos do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) para atendimento à população afetada.



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